28.10.14

thumbs up chico

 




Não sei se existe um Deus*, sei que existem homens, flores, animais, comida, sol, desastres, alegrias e dores de barriga. Sei que existem letras e literatura, sei que existem filósofos e cientistas, sei que existem homens de fé e ateus, sei que existe gente comum e líderes com verdadeiro poder para mudar as coisas. O Papa tem este poder. Tem o papel de líder da Igreja, mas mais do que isso tem o dever de criar diálogo para além dela. Felizmente, este Papa Francisco é um verdadeiro representante da voz da Igreja Católica para os seus crentes e por conseguinte um homem crucial para a evolução da humanidade. Já fazia falta um destes, com a sua fé mas com ideias do seu tempo. 
Hoje na rádio passava a notícia de que ele afirmou acreditar na teoria do Big Bang e que para ele Deus não é um mágico com uma varinha de condão. Por outras palavras, deitou por terra as teorias fabulosas do primeiro livro da Bíblia, o Génises, explicando que este facto científico não contradiz a intervenção criadora divina, exigindo-a antes. Deu um passinho em frente ao dar a devia importância à ciência, sem para isso interferir na questão da crença de que existe algo maior. Resta é saber, digo eu, se evoluímos até à Eva e ao Adão para ser à Sua imagem e semelhança.
Este é só mais um dos temas importantes que ele já abordou. Para além deste, tem vindo a criar uma discussão para a possibilidade do casamento depois do divórcio, bem como sobre a noção de família no século XXI e ainda sobre os direitos dos homossexuais ao referir que estes não devem ser julgados ou marginalizados por nenhum de nós. Isto para alguém com a cabeça arrumada, para alguém informado, para alguém com o mínimo de sensibidade não será nenhum espanto. No entanto, para os milhares de cristãos espalhados pelo mundo que ainda acreditam que Maria engravidou por obra e graça do Espírito Santo é uma bomba. Começar a falar destas coisas na missa a todas estas pessoas é meio caminho andado para abrir mentalidades, para criar novos valores e talvez tornar este mundo num sítio onde o amor tem uma segunda hipótese aos olhos de Deus, onde uma criança pode amar duas mães e dois pais sem se sentir culpada e um casal de pessoas do mesmo sexo pode viver sem o fantasma dos preconceitos. Afinal de contas Zé Povinho, se a figura máxima da Igreja o disse, talvez haja um fundo de verdade.
devemos escutar os sinais deste tempo e perceber os odores dos homens de hoje, para nos impregnarmos das suas alegrias e das suas esperanças, das suas tristezas e angústias
Papa Francisco

* Não sei se existe um Deus, espero que exista algo parecido.

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